Vacina contra o CRACK e COCAÍNA
A Calixcoca é uma vacina inovadora em desenvolvimento para o tratamento da dependência de cocaína e crack. Este projeto é liderado pela equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e teve início em 2015.
A motivação para criar essa vacina surgiu a partir da observação do sofrimento de mulheres grávidas que lutavam contra a dependência de cocaína e procuravam tratamento no ambulatório da universidade. A substância ativa da vacina, conhecida como V4N2, foi concebida e sintetizada pelo grupo liderado pelo professor Ângelo de Fátima, do Departamento de Química da UFMG.
Durante a fase pré-clínica do desenvolvimento, o investimento foi fornecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
Em um avanço recente, em 1º de junho de 2023, a prefeitura de São Paulo anunciou um investimento inicial de R$ 4 milhões para acelerar a pesquisa e desenvolvimento da vacina. Isso destaca o crescente interesse e apoio para tornar a Calixcoca uma realidade no tratamento da dependência de cocaína e crack.
O desenvolvimento da vacina contra o crack e a cocaína
A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) está avançando no desenvolvimento de uma vacina promissora, chamada Calixcoca, para tratar a dependência de cocaína e crack. Desde 2015, essa vacina tem passado por testes pré-clínicos com ratos, demonstrando a produção bem-sucedida de anticorpos que combatem a cocaína no organismo dos animais.
Neste momento, os pesquisadores estão em busca de recursos para iniciar estudos clínicos em seres humanos. Nos experimentos com ratos, a Calixcoca mostrou a capacidade de bloquear a passagem da cocaína através da barreira hematoencefálica, que é responsável por proteger o sistema nervoso central. Esse resultado é significativo, uma vez que significa que a cocaína não atingiu o cérebro dos animais.
A Calixcoca é uma das finalistas do Prêmio Euro de Inovação em Saúde – América Latina, promovido pela Eurofarma, uma farmacêutica. O prêmio contempla o vencedor com 500 mil euros, enquanto outros 11 projetos premiados receberão 50 mil euros para continuar suas pesquisas.
De acordo com o pesquisador responsável pelo desenvolvimento da vacina, Frederico Garcia, acredita-se que a Calixcoca possa impedir a percepção dos efeitos da droga em seres humanos, evitando a reativação do circuito cerebral que leva à compulsão por drogas. Além disso, vale mencionar que outras instituições, como John Cristal e Georg Koob nos Estados Unidos, também estão trabalhando no desenvolvimento de vacinas semelhantes para tratar a dependência química. No entanto, as vacinas testadas em humanos até o momento tiveram eficácia para apenas 25% dos pacientes. Atualmente, pesquisadores norte-americanos estão explorando uma nova molécula em seus estudos.
A proteção em mulheres grávidas dependentes de crack e cocaína
Este imunizante também demonstrou ser eficaz na proteção de mulheres grávidas, reduzindo ocorrências de abortos espontâneos e defendendo os fetos contra a dependência causada pela mãe. Segundo Garcia, “os anticorpos anticocaína passam da mãe para o feto através da placenta e do leite materno. Como resultado, os filhotes nascem sem sinais de abstinência e apresentam menor sensibilidade à cocaína em comparação com os filhotes de mães não vacinadas.”
A inspiração para desenvolver essa vacina veio do sofrimento de mulheres grávidas que eram dependentes de crack e procuravam tratamento na clínica da universidade. “Elas enfrentam uma batalha emocional entre proteger seus bebês e a compulsão pela droga. Naquela época, discuti isso com o professor Angelo de Fátima, do departamento de Química da UFMG, que conseguiu criar a nova molécula que estamos desenvolvendo”, acrescenta.
Uma das características inovadoras da Calixcoca é a sua molécula ser sintética e não proteica. Isso não apenas simplifica e reduz o custo de produção, mas também torna a logística mais simples, eliminando a necessidade de refrigeração. Consequentemente, a vacina promete ser uma solução mais acessível e eficiente.
O Desafio da rede pública
Segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unod), aproximadamente 275 milhões de pessoas em todo o mundo fazem uso de crack e cocaína, e desse número, 36 milhões enfrentam transtornos associados ao consumo dessas substâncias. Em 2020, a oferta global de cocaína atingiu níveis recordes, com cerca de 2 mil toneladas produzidas, conforme apontado pelo Unod. No Brasil, a ONU destaca que 11% de todos os tratamentos para dependência estão relacionados à cocaína e ao crack, representando a maior parcela entre as drogas ilegais. No cenário brasileiro, a dependência de crack é um grande desafio de saúde pública, especialmente com a disseminação das “cracolândias” nas principais áreas urbanas, como São Paulo.
De acordo com o pesquisador da UFMG, Garcia, o tratamento para o vício em cocaína e seus derivados enfrenta um grande obstáculo: a ausência de medicamentos específicos para o problema. Na maioria das vezes, são usados medicamentos destinados a outras condições, como antidepressivos, com o intuito de aliviar os sintomas de abstinência e a compulsão. Garcia explica que a principal complicação ocorre na primeira recaída após o tratamento de abstinência, uma vez que isso parece ativar o circuito de recompensa e levar o paciente a retomar a compulsão pela droga. A Calixcoca, no entanto, previne essa primeira ativação, fornecendo aos dependentes um período maior para a recuperação.
A plataforma da vacina desenvolvida pela UFMG também possui o potencial de auxiliar no tratamento de dependências relacionadas a outras drogas. “Já temos projetos de vacinas para opioides e metanfetaminas. Estamos em busca de recursos para avançar com essas pesquisas”, acrescenta o pesquisador.
Exclusão social de dependentes químicos
Conforme destacado pelo psiquiatra Dartiu Silveira, um experiente professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com mais de 30 anos de prática no tratamento de pacientes com dependência de cocaína, diversos fatores, como depressão, impulsividade e exclusão social, estão intrinsecamente ligados aos quadros de vício na substância. Cada indivíduo carrega uma história única por trás do uso da droga, tornando essencial a identificação desses fatores, incluindo os perfis de pessoas e os motivos que os levaram a utilizar e depender da cocaína. O especialista destaca que as vacinas também podem desempenhar um papel na prevenção de overdoses.
O psiquiatra ressalta a importância da reintegração de dependentes e indivíduos que vivem em “cracolândias” à sociedade como um componente essencial da reabilitação. Ele menciona o programa Braços Abertos, implementado em São Paulo durante a gestão de Fernando Haddad, como um exemplo positivo. O programa proporcionou habitação e emprego a pessoas em situação de rua, levando muitos a interromper imediatamente o uso de drogas. É vital abordar essa questão, uma vez que a exclusão social frequentemente está na raiz do problema do uso de drogas. Silveira supervisionou esse projeto.
De acordo com o pesquisador da UFMG, Garcia, a vacina Calixcoca representa um possível avanço significativo. Ele afirma que a vacina pode simplificar consideravelmente o tratamento de dependentes e oferecer esperança de recuperação não apenas para os próprios indivíduos, mas também para suas famílias.
A vacina contra o CRACK e COCAÍNA vence prêmio Euro
Essa conquista garantiu um prêmio de 500 mil euros para a UFMG
A cerimônia de premiação ocorreu na noite da quarta-feira (18) em São Paulo, onde a equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se destacou ao conquistar o prêmio de 500 mil euros (equivalente a cerca de R$ 2,6 milhões). Essa premiação representa o reconhecimento como a iniciativa de destaque na segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde, uma iniciativa promovida pela multinacional farmacêutica Eurofarma, com presença em mais de 20 países.
O professor Frederico Garcia, coordenador da pesquisa e membro do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, expressou sua gratidão à sociedade brasileira que apoiou a campanha. Ele enfatizou a importância de desenvolver a ciência na América Latina, ressaltando que a UFMG desempenha um papel crucial nesse cenário. Garcia também agradeceu o apoio da reitora Sandra Regina Goulart Almeida e do pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis.
A Calixcoca, votada como a mais popular por médicos de 17 países, superou outras 11 iniciativas inovadoras na área da saúde desenvolvidas na América Latina. Entre elas, destaca-se a SpiN-Tec, uma vacina contra a COVID-19 também desenvolvida pela UFMG, que recebeu um prêmio de 50 mil euros por sua vitória na categoria de Inovação em Terapias.
O investimento para a pesquisa da vacina Calixcoca
Até o momento, o financiamento da Calixcoca é proveniente dos governos federal e estadual de Minas Gerais, bem como de verbas de emendas parlamentares. A continuidade do projeto depende da obtenção de novos investimentos financeiros. No final de agosto, a reitora Sandra Goulart Almeida e o professor Frederico Garcia apresentaram o projeto da vacina ao Ministro da Educação, Camilo Santana, buscando o apoio do governo para avançar nos testes.
Em julho, durante uma visita da ministra Nísia Trindade à UFMG, o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, anunciou um aporte de R$ 10 milhões no projeto. Além disso, a UFMG, por meio da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), está trabalhando estrategicamente na proteção da tecnologia a nível nacional e internacional. Agora, a universidade está em busca de parceiros interessados em licenciar essa tecnologia.
Como funciona a Calixcoca - Vacina contra crack e cocaína
O medicamento desenvolvido pelos pesquisadores mineiros têm a capacidade de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos que se ligam à cocaína presente na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula de maior tamanho, impedindo sua passagem pela barreira hematoencefálica.
O projeto já passou com sucesso por etapas pré-clínicas, demonstrando segurança e eficácia no tratamento da dependência de crack e cocaína, bem como na prevenção de complicações obstétricas e fetais decorrentes da exposição às drogas durante a gravidez, em experimentos com animais.
Durante seu discurso, o professor enfatizou o compromisso em auxiliar pacientes que lutam contra a dependência química. Ele reconheceu as dificuldades enfrentadas por famílias com entes queridos dependentes e a angústia dos afetados pela dependência, destacando a complexidade da decisão entre usar ou não a droga. Além disso, ressaltou a missão de cuidar dessas questões e proporcionar uma melhor qualidade de vida a esses indivíduos e seus familiares.
Quando a vacina contra o crack e a cocaína vai ficar pronta?
A futura vacina contra o crack e a cocaína ainda não tem uma data certa, mas a grande notícia é que ela tem avançado muito em seus estudos. O que nos faz ver uma luz no fim do túnel não é? Como todo medicamento ela precisa passar por inúmeros testes, afinal eles precisam criar uma vacina segura para os dependentes de crack e cocaína.
Mas esta futura vacina não invalida as alternativas de tratamento que temos hoje! O tratamento em clínicas de recuperação tem sido eficiente contra a dependência química, pois ele trabalha a cabeça do dependente, fazendo com que entenda a sua doença e o ajudando a lidar com ela ao longo da sua vida.
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